sábado, 9 de abril de 2011

Sucker Punch: Mundo Surreal

Zack Snyder ser chamado de visionário é algo que vejo como uma estratégia de marketing muito precipitada. Isso porque os filmes de maior sucesso deste diretor (300 e Watchmen) já tinham seus mundos muito bem construídos em suas graphic novels e ele só teve o trabalho de ser fiel a eles. Agora, pela primeira vez em sua carreira, Snyder concebe um filme totalmente original e, apesar de apresentar uma história interessante, acaba tropeçando nas próprias pernas, fazendo deste Sucker Punch: Mundo Surreal apenas um bom passatempo.
Escrito pelo próprio Zack Snyder em parceria com Steve Shibuya, Sucker Punch nos apresenta a Baby Doll (Emily Browning), uma jovem que é internada pelo padrasto em um hospital psiquiátrico depois da morte de sua mãe e de sua irmã. Ela planeja fugir do local e conta com a ajuda de Rocket (Jena Malone), Sweet Pea (Abbie Cornish), Blondie (Vanessa Hudgens) e Amber (Jamie Chung) para alcançar o seu objetivo.
Levando uma vida infernal ao lado do padrasto, Baby Doll é tratada como uma presidiária desde o início do filme. Reparem que, em suas primeiras cenas, ela usa uma roupa totalmente laranja (algo típico de presos), indicando que ela é uma presidiária da própria vida. E quando ela é internada, são vários os momentos em que está cercada, sem saída, reforçando ainda mais essa ideia.
A bela fotografia de Larry Fong e a direção de arte mostram muito bem o que é real e o que é fantasioso. Nas cenas da realidade, vemos um mundo sombrio que tira a vivacidade das cores, mostrando a tristeza e a crueldade daquele ambiente. Já nas cenas de fantasia, onde a ação é ininterrupta e as personagens estão “livres”, há uma verdadeira explosão de cores. Aliás, os mundos que Snyder cria para estas cenas são belíssimos, como aquele que se passa em uma guerra e o outro que se passa no futuro.
Mas se Snyder acerta nestes aspectos, ele falha gravemente naquilo que se tornou sua marca registrada: o slow motion. Se em 300, Watchmen e A Lenda dos Guardiões vimos apenas momentos em câmera lenta que davam um toque bacana para os filmes, em Sucker Punch o diretor banha cenas inteiras no efeito. O que poderia durar três minutos, acaba durando o dobro do tempo graças a esta opção (exemplos disso são as cenas em que somos apresentados a Baby Doll). O slow motion de Sucker Punch não só deixa o filme literalmente devagar como também o deixa tedioso e sacrifica muito as cenas de ação.
Outro elemento que acaba falhando no filme é a trilha sonora. As músicas que tocam não são ruins e dão um bom ritmo para as cenas de ação. Mas o que incomoda muito é o fato de elas também darem a impressão de que Sucker Punch é um grande videoclipe. A trilha instrumental composta por Tyler Bates e Marius de Vries é ouvida pouquíssimas vezes ao longo do filme, o que é uma pena.
Quanto ao elenco, Emily Browning consegue retratar muito bem a vulnerabilidade e a tristeza de Baby Doll. Abbie Cornish e Jena Malone estabelecem uma boa química entre as irmãs Rocket e Sweet Pea. Jamie Chung e Vanessa Hudgens parecem servir apenas para completar o time de belas atrizes, já que suas personagens não fazem muito além de entrar de cabeça nas cenas de ação.
Sucker Punch é inegavelmente interessante, e Zack Snyder é um bom diretor. Mas se não fosse pelo seu egocentrismo, certamente este filme poderia ter dado muito certo.
Cotação:

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