Em determinado momento deste Tomb Raider: A Origem, novo filme
baseado na famosa franquia de jogos, a heroína Lara Croft mata uma pessoa e claramente
sente o peso de seu ato, mesmo que isso tenha ocorrido em legítima defesa.
Trata-se de uma cena com um interessante potencial dramático quanto a
humanidade da personagem, principalmente tendo em vista que, minutos antes, ela
havia presenciado alguém ser assassinado a sangue frio. No entanto, pouca atenção
é dada a esse peso, com o filme logo partindo para sequências de ação insossas.
De certa forma, isso resume bem o longa. Aqui e ali, é possível ver elementos
que poderiam ter alguma riqueza caso fossem bem desenvolvidos. Mas como o foco é
realizar uma aventura genérica, o resultado acaba sendo aborrecido.
Servindo como um reboot da franquia no cinema após os dois
exemplares esquecíveis protagonizados por Angelina Jolie (o segundo, em especial,
é um desastre absoluto), Tomb Raider: A
Origem apresenta Lara Croft (agora vivida por Alicia Vikander) como uma
jovem rebelde, que mal se mantém economicamente e se recusa a assumir a grande
herança deixada por seu pai, Richard (Dominic West), já que isso a faria
admitir que ele morreu quando desapareceu sete anos antes. Mas quando ela
encontra uma pista quanto ao possível paradeiro dele, Lara logo parte para tentar
encontra-lo, em uma aventura que a leva até a costa do Japão.
A partir daí, o roteiro organiza
uma história que gira em torno de uma série de quebra-cabeças e sequências de
ação, obviamente seguindo a fórmula do jogo original, algo que como
consequência faz o filme aspirar ser uma espécie de Os Caçadores da Arca Perdida, com Lara Croft no lugar de Indiana
Jones. É uma pena, porém, que a trama se revele tão boba e clichê, enquanto que
os quebra-cabeças carecem de criatividade (muitos parecem ter saído direto de
uma obra de Dan Brown) e não são nada intrigantes, sendo que às vezes eles
surgem forçadamente em cena, apenas para que o filme nos lembre que estamos
vendo uma adaptação de um jogo.
Além de falhar em suas tentativas
de despertar o interesse do público, o longa ainda tem uma direção pouco
inspirada do sueco Roar Uthaug (o mesmo de A
Onda). Não só o cineasta não consegue dar peso a narrativa, mas também conduz
sequências de ação sem energia e que se mostram burocráticas, desde a tola
perseguição de bicicleta pelas ruas de Londres até os embates entre Lara e os
capangas do vilão Mathias Vogel (Walton Goggins). Para completar, há momentos
em que o uso de computação gráfica fica muito evidente, naturalmente tirando o
espectador do filme, como na cena em que a protagonista cai de paraquedas no
meio de uma floresta.
Enquanto isso, Alicia Vikander se
esforça para fazer de Lara Croft uma personagem forte, mas é sabotada por um
roteiro que constantemente a faz agir de maneira estúpida, chegando a ser
risível que tal estupidez seja chamada de coragem em uma cena específica. Com
isso, é até difícil se importar com a personagem, aspecto que não ganha auxílio
nem da relação lugar-comum dela com o pai, que surge como o centro emocional da
narrativa. Richard Croft, aliás, é vivido por um Dominic West essencialmente
unidimensional, o que também não deixa de ser culpa do roteiro, ao passo que
Walton Goggins é desperdiçado no papel de Mathias Vogel, um vilão que nunca
surge como uma ameaça convincente.
Ao escrever sobre Warcraft e Assassin’s Creed, inevitavelmente comentei que as adaptações de jogos
sofrem de uma maldição no cinema, já que são pouquíssimas as produções que se
destacam positivamente. Tomb Raider: A
Origem apenas reforça isso.
Nota:
Um comentário:
Do mesmo modo, boa parte do público já está habituada a esse tipo de filme e sabe mais ou menos o que esperar da versão cinematográfica de seu best-seller favorito. Amei a Alicia no elenco! Lembro dos seus papeis iniciais, em comparação com os seus filmes atuais, e vejo muita evolução, mostra personagens com maior seguridade e que enchem de emoções ao expectador. Desfrutei muito sua atuação neste filme Ready Player One cuida todos os detalhes e como resultado é uma grande produção e muito bom elenco.
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