O Exterminador do Futuro é uma franquia que vem se estendendo bem
mais do que deveria. Sua história se iniciou (e até mesmo se encerrou) com dois
filmes absolutamente brilhantes dirigidos por James Cameron e podia ter ficado
por aí, mantendo um legado irretocável. Mas vieram suas continuações claramente
forçadas (A Rebelião das Máquinas e A Salvação), que se mostraram
descartáveis apesar de funcionarem razoavelmente. E mesmo com a má popularidade
delas, chegamos agora a este quinto filme, O
Exterminador do Futuro: Gênesis, que as ignora por completo, buscando ser
um reboot para a série ao criar uma
linha temporal alternativa (semelhante ao que foi feito recentemente com Star Trek), o que rende um exemplar até
eficiente, ainda que mais uma vez fique longe da qualidade apresentada pela
franquia inicialmente.

Nem tudo fica muito claro com
relação às linhas temporais da série, sendo que o roteiro encontra dificuldades
para estabelecer como as coisas estão ocorrendo, com os diálogos expositivos
proferidos pelos personagens chegando a ser risíveis, e eles próprios parecem
ter noção disso, em algo que apenas expõe o absurdo de tentar justificar a
existência do filme. Mas, no fim, a brincadeira temporal possibilita o longa a
pegar elementos dos dois primeiros exemplares e conduzi-los de maneira
diferente, trazendo certa imprevisibilidade à história. Se em um momento os
personagens parecem ter sob controle aquilo que devem fazer, em outro o futuro se
encarrega de mostrar sua natureza incerta com seus obstáculos, o que acaba
sendo o lado mais interessante da ideia de recomeço que o filme propõe.
Ao mesmo tempo, Gênesis resgata o estilo de ação que marcou
a maior parte da série, com Sarah, Reese e Pops buscando cumprir sua missão
enquanto são perseguidos por um vilão enviado pela Skynet. Nisso, o diretor
Alan Taylor (responsável pelo fraco Thor
2, o pior longa da Marvel) ocasionalmente consegue impor uma tensão interessante
à narrativa, aspecto que em parte se deve ao vilão, que resulta de uma curiosa
e convincente inversão de papeis (uma reviravolta que o marketing do filme
estupidamente já entregou em trailers e cartazes). Ainda assim, as sequências de ação não são muito impressionantes, soando até burocráticas, e os efeitos
visuais tornam tudo grandioso, mas também tiram um pouco o peso do que está acontecendo.
Enquanto isso, Emilia Clarke e
Jai Courtney, apesar de mostrarem certo carisma, não chegam a trazer grande
peso a Sarah Connor e Kyle Reese, diferente das versões originais de Linda
Hamilton e Michael Biehn. Já Jason Clarke é eficiente no modo como encarna a abordagem
dada a John Connor, ao passo que J.K. Simmons é subaproveitado em um papel minúsculo
e sem propósito. Mas o filme, sem dúvida alguma, é de Arnold Schwarzenegger,
que retorna a um de seus principais papeis com uma presença sempre cativante e
nostálgica. Pops é dono de boa parte da diversão proporcionada pela narrativa, seja
com seus sorrisos estranhos ou com o jeito “pai superprotetor” na relação com
Sarah, e Schwarzenegger é hábil ao não deixar o personagem cair na autoparódia.
Gênesis foi anunciado como o primeiro filme de uma nova trilogia
dentro do universo de O Exterminador do
Futuro. Só o tempo dirá se os próximos exemplares farão coisas boas com a
franquia, mas este aqui não deixa de ser como A Rebelião das Máquinas e A
Salvação: um filme nada marcante, mas que funciona como entretenimento.
Nota:
Um comentário:
Oi Thomás,
Gostei muito da crítica. Concordo que os dois primeiros filmes bastavam, mas gostei da sequência que foi mantida entre o terceiro e o quarto. Fiquei chateado logo no começo de Gênesis, ele parece ter esquecido por completo o quarto filme e mudou a maneira como Kyle Reese conheceu Connor.
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