quinta-feira, 12 de janeiro de 2012
Sherlock Holmes: O Jogo de Sombras
A volta de Sherlock Holmes aos cinemas em 2009, quando ganhou o rosto de Robert Downey Jr., foi uma experiência divertida e empolgante, que mostrou o personagem de uma maneira nunca antes vista. Seguindo a fórmula hollywoodiana de que tudo que faz sucesso merece uma continuação, Sherlock Holmes: O Jogo de Sombras traz de volta o detetive mais famoso da literatura britânica e seu parceiro, Watson (Jude Law), além de nos apresentar finalmente o grande inimigo de Holmes, o Professor James Moriarty (Jared Harris). O resultado é um filme que diverte tanto quanto seu antecessor.
Escrito pelo casal Kieran e Michele Mulroney, baseado nos personagens criados por Sir Arthur Conan Doyle, Sherlock Holmes 2 coloca o protagonista investigando uma série de crimes que tem em comum o envolvimento de Moriarty. Ao mesmo tempo, Holmes precisa lidar com o fato de sua parceria com Watson estar chegando ao fim, já que o doutor está prestes a se casar com Mary (Kelly Reilly). Mas depois que o casal sofre um atentado na ida para a lua-de-mel, Holmes e Watson juntam forças com a cartomante Sim Heron (Noomi Rapace) para encontrar o irmão dela, Rene, que está envolvido nos planos de Moriarty para iniciar uma guerra na Europa.
Sherlock Holmes 2 não só deveria trazer de volta os bons elementos do primeiro filme, como também ter coisas novas. Mas não há nada de novo nesta sequência, o que é um pouco decepcionante porque passa a ideia de que o filme foi feito com o pensamento “em time que está ganhando não se mexe”, algo bastante comum. Por outro lado, o que o antecessor tinha de bom e que havia sido pouco aproveitado aparece bastante nesta continuação. Os momentos em câmera lenta são usados em exaustão por Guy Ritchie, e para sua sorte eles nunca se tornam enjoativos ou entediantes, diferente do que ocorreu com Zack Snyder em Sucker Punch, por exemplo. É bom também ver que há um número maior de sequências em que Holmes planeja o que vai fazer com seus inimigos. E o fato de o roteiro colocar Holmes e Watson descobrindo locais e pessoas suspeitas através de pequenos detalhes, como o tipo de papel usado para escrever uma carta ou as marcas de um objeto, também é interessante. Isso mostra o quanto a dupla é inteligente, algo bastante óbvio, mas quando ampliado torna os personagens ainda mais admiráveis.
Guy Ritchie consegue fazer boas cenas de luta, abusando de cortes rápidos, mas sempre deixando o espectador a par do que está acontecendo na tela. Aliás, as cenas de luta são uns dos pontos altos do projeto, sendo muito bem coordenadas. Além disso, os momentos em que o diretor pausa o filme para mostrar algo que não vimos Sherlock Holmes fazer surgem naturalmente, não atrapalhando o ritmo ou a ação do filme. Mas Ritchie consegue brilhar mais em um dos momentos finais, quando Holmes está jogando xadrez com Moriarty enquanto Watson e Sim procuram Rene. As duas cenas seguem o mesmo padrão de tensão por não admitir erros dos personagens.
Mais uma vez, a direção de arte faz um trabalho muito bom de recriação de época, além de conseguir mostrar um pouco da personalidade dos personagens. A casa de Holmes, por exemplo, mostra muito bem o quanto o protagonista se dedica para tentar derrubar Moriarty. Isso faz um contraste interessante com a casa do vilão, que é bastante organizada, mostrando o quanto ele é metódico. E a montagem de James Herbert chama bastante a atenção por trazer transições de cenas que funcionam como se virássemos a página de um livro, o que é perfeito visto que estamos falando de uma adaptação.
Quanto às figuras adicionadas na história, somos apresentados a Mycroft Holmes (Stephen Fry), irmão de Sherlock e que diverte em quase todas as cenas em que aparece. Além dele temos, é claro, a nova holmes girl. Se no primeiro filme tivemos Irene Adler (Rachael McAdams, que tem uma participação minúscula neste filme), agora temos Sim. Uma pena que nem ela, nem Mycroft sejam bem desenvolvidos pelo roteiro, o que limita o talento de seus intérpretes, principalmente Noomi Rapace que mostrou ser uma ótima atriz no mediano Os Homens Que Não Amavam as Mulheres (Fry tem a vantagem de ser o alivio cômico do projeto).
O roteiro abre mais espaço para apenas um novo personagem, e é claro que estou falando do vilão. Desde sua primeira cena, Moriarty mostra ser tão inteligente quanto Holmes, sendo ainda uma figura perigosa. Quando se lida com Moriarty, um simples erro de cálculo (como chega a ser dito em um momento do filme) pode colocar tudo a perder. O embate entre ele e Holmes rende um dos momentos mais inspirados do filme, quando o protagonista prevê os movimentos do vilão enquanto que este faz exatamente a mesma coisa. O ator Jared Harris traz um quê de sabedoria para Moriarty, algo essencial para o personagem. Além disso, Harris fala seu texto da maneira mais controladora possível, o que o torna mais ameaçador.
Mas se Sherlock Holmes 2 é bem sucedido, isso se deve muito a ótima química entre Robert Downey Jr. e Jude Law, que mostram estar muito confortáveis interpretando os personagens. Holmes e Watson são como irmãos, sendo que o primeiro age como o caçula e enquanto que o segundo age como o mais velho. Isso fica mais claro no início quando Watson chega na casa de Holmes e este quer que o amigo descubra onde ele está, algo que o doutor responde com um “Certo. Você venceu!”, tamanha é a sua vontade de brincar. E Holmes ficar triste com o fato de Watson se casar não é resultado exclusivo de ciúmes, mas também porque o protagonista além de perder o parceiro de aventuras, também vê que continuará sendo uma pessoa com uma vida cotidiana, dedicada sempre a experimentos em sua casa e a desvendar casos.
Sendo um bom entretenimento do início ao fim, Sherlock Holmes: O Jogo de Sombras vai conseguindo estabelecer esta nova franquia estrelada pelo detetive como algo interessante e Robert Downey Jr. mostra que é um de seus melhores intérpretes.
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Um comentário:
Excelente crítica Thómas!Muito bacana seu blog!Você escreve muito bem.Eu também tenho um blog de cinema(o Cinema Por Nerds também blogspot).Se quiser dar uma olhada,só não é melhor que o seu rs.
Em relação ao filme concordo com tudo que vc disse,só acho que as piadinhas do bromance do Holmes e do Watson ficaram muito numerosas.Algo que eu admito que ficou um pouco exagerado.Mesmo assim gostei bastante.
Abraço
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