domingo, 11 de setembro de 2011
Cowboys & Aliens
Colocar em um filme dois gêneros cinematográficos completamente distintos como o faroeste e a ficção científica é uma ideia interessante, porém arriscada. Isso por que o resultado pode ser divertido ou algo completamente absurdo. Por sorte, Jon Favreau (o mesmo diretor do ótimo Homem de Ferro) consegue equilibrar muito bem os elementos dos dois gêneros em Cowboys & Aliens, criando um filme que, apesar de não ser memorável, consegue entreter o público do início ao fim.
Baseado nos quadrinhos criados por Scott Mitchell Rosenberg, Cowboys & Aliens começa com Jake Lonergan (Daniel Craig) acordando ferido, sem lembrar de nada e com um dispositivo no pulso. Ele vai à cidade de Absolution, sem saber que é onde está sendo procurado pelo roubo do ouro de Woodrow Dolarhyde (Harrison Ford). Em uma noite, naves espaciais atacam Absolution e sequestram alguns habitantes. Tendo derrubado uma delas com seu dispositivo, Jake é obrigado por Dolarhyde a ir junto com ele resgatar as pessoas.
O roteiro escrito por Roberto Orci, Alex Kurtzman, Damon Lindelof, Hawk Otsby e Mark Fergus, com argumento dos dois últimos em parceria com Steve Oedekerk (ufa!), consegue divertir com alguns diálogos engraçados. Por exemplo, quando Meacham (Clancy Brown) pergunta para Jake o que ele sabe, este responde com seriedade: “Inglês”. Além do mais, os roteiristas conseguem deixar bem claro os motivos para o porquê de os alienígenas atacarem a cidade de Absolution e sequestrarem seus moradores. E em pouco tempo de filme, eles já conseguem fazer com que nós nos importemos com os personagens, algo muito importante para que a história funcione.
Por outro lado, o roteiro acaba sendo previsível em alguns momentos. Quando Dolarhyde entrega sua faca para Emmet (Noah Ringer, de O Último Mestre do Ar), já se percebe que ela terá alguma importância futuramente. O mesmo pode ser dito sobre o fato de Doc (Sam Rockwell) errar a mira sempre que tenta acertar algum objeto (é claro que, em um momento importante, ele vai acertar o alvo). E é um pouco decepcionante quando essas previsões mostram ser verdadeiras. E o romance entre Jake e Ella, apesar de funcionar, acontece rápido demais, dando a entender que ele se apaixona apenas por ela ser interpretada pela belíssima Olivia Wilde.
Jon Favreau conduz o filme eficientemente, mas sem o mesmo talento que ele mostrou em Homem de Ferro. O diretor tem êxito ao equilibrar os dois gêneros, nos fazendo acreditar no universo do filme (acho que Cowboys & Aliens será o único crossover entre faroeste e ficção científica por um bom tempo). Favreau ainda merece créditos por conseguir colocar tensão a várias cenas e também por não mostrar a forma dos alienígenas imediatamente, fazendo com que fiquemos imaginando como eles são, tentando fazer com que nossa imaginação nos assuste (isso se tornou popular graças a Steven Spielberg, produtor executivo do filme, e seu Tubarão, sendo usado em vários filmes posteriormente, entre eles o recente Super 8). Por outro lado, as cenas de ação são, de modo geral, burocráticas e empolgam apenas quando saem do lugar comum, o que acontece muito pouco.
O design de produção faz um bom trabalho nas construções de Absolution e da base dos alienígenas, criando um belo contraste entre os dois lugares, já que um representa o lado faroeste do filme e o outro é o lado ficção científica. A fotografia do sempre eficiente Matthew Libatique também se destaca. Se em Absolution temos algo próximo do sépia, nas cenas que se passam à noite temos uma iluminação mais azulada, algo que transforma um barco que os personagens utilizam como esconderijo em algo parecido com uma nave espacial (a água que fica escorrendo do teto também ajuda muito a lembrar as naves que volta e meia estragam nos filmes de ficção científica). E nos figurinos algo que chama a atenção é a roupa usada por Jake, já que ela lembra um pouco àquela usada por (vejam só!) Harrison Ford, quando este interpretava Han Solo na trilogia clássica de Star Wars.
O atual James Bond, Daniel Craig, consegue trazer peso para Jake Lonergan. Calmo e sério durante boa parte do filme, Craig nos passa o medo de Jake por não saber quem é e pensar que fora uma pessoa horrível no passado (afinal, ele é um foragido que vale dez mil dólares). Mas o fato de Craig manter sua expressão séria até mesmo quando um amigo morre em seus braços acaba dando a entender que Jake é desprovido de sentimentos, o que não é verdade, como pode ser visto ao longo do filme. E se Harrison Ford encarna Dolarhyde como um cara durão, mas que mostra gradualmente que tem um coração mole, Olivia Wilde se destaca, não só por trazer sua beleza para Ella, mas também seu carisma. Aparentemente perdida no início, algo justificado mais tarde pelo roteiro, a atriz cresce a medida que sua personagem vai ganhando importância. Uma pena que o mesmo roteiro não explique o que Ella é exatamente.
Cowboys & Aliens pode não ser um filme memorável, mas pelo menos diverte com sua premissa interessante. E isso, às vezes, já é o bastante.
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