sexta-feira, 22 de abril de 2011

Rio

Alguns dos melhores filmes do cinema brasileiro, como os dois Tropa de Elite e Cidade de Deus, mostram a violência no Rio de Janeiro. Sendo assim, um filme como Rio é um alívio para aqueles que pensam que a violência domina as ruas da Cidade Maravilhosa, já que essa animação mostra toda a beleza que percorre pelo Rio de Janeiro.
Dirigido pelo brasileiro Carlos Saldanha (da franquia A Era do Gelo), Rio conta a história da arara azul Blu (voz de Jesse Eisenberg), que mora com sua dona, Linda (voz de Leslie Mann), em Minnesota. A espécie de Blu está ameaçada de extinção, e por isso ele e Linda são convencidos pelo brasileiro Túlio (voz de Rodrigo Santoro) a vir ao Rio de Janeiro, onde está Jewel (voz de Anne Hathaway), uma fêmea com quem Blu deve tentar salvar a espécie. Mas os dois pássaros são raptados por contrabandistas e, ao fugir, começam uma grande aventura pela cidade.
Rio é um cartão postal do Rio de Janeiro. Isso fica ainda mais comprovado quando ficamos sabendo em que época o filme se passa: em pleno carnaval, nada mais nada menos do que o feriado mais festivo do nosso país.
O design de produção faz um trabalho impecável na construção do Rio de Janeiro. Pontos turísticos como o Cristo Redentor e o Pão de Açúcar são fieis ao que vemos na realidade até os últimos detalhes. E Saldanha aproveita isso para fazer tomadas belíssimas, como quando Blu e Jewel voam de asa delta.
É interessante notar que Saldanha se preocupa até mesmo em diferenciar o lado pobre do lado rico. Em uma cena que se passa à noite, as favelas ficam na escuridão, enquanto que o no fundo vemos o lado urbano bastante iluminado. Dessa forma, fica claro até mesmo qual é o lado mais triste da cidade. O diretor ainda mostra que as favelas não são lugares onde apenas os vilões moram, mas também pessoas boas que tentam sobreviver em meio a pobreza, como o menino Fernando (voz de Jake T. Austin).
A trilha sonora de John Powell é muito boa. Juntando orquestra e toques de samba, ela dá o ritmo ideal para as aventuras de Blu e Jewel. Os números musicais são um show à parte, sendo muito divertidos e se destacando como alguns dos melhores momentos do filme (a cena mostrando uma festa versão “pássaros” é muito criativa).
O que incomoda um pouco em Rio é o fato de quase todos os personagens falarem inglês. Até mesmo figuras que não tem importância alguma no filme falam inglês, como a dentista de Túlio e o radialista que ouvimos rapidamente. Mas o mais estranho é ver Fernando, um menino pobre, sem família e que precisa se virar para sobreviver, falando o idioma. Isso afasta muito Rio da nossa realidade. Seria mais aceitável se a maioria dos personagens tivesse sotaque.
O elenco faz um ótimo trabalho na dublagem e alguns atores conseguem se destacar. Jesse Eisenberg traz um tom nervoso ideal para o atrapalhado Blu. Anne Hathaway faz exatamente o oposto com a decidida Jewel. Jamie Foxx e Will.I.Am claramente se divertem dublando, respectivamente, o canário Nico e o pássaro ruivo Pedro. Eles ainda capricham ao soltar a voz nos números musicais.
Rio é uma animação que diverte do início ao fim, e consegue ser um belo passeio por uma das cidades mais lindas do mundo.
Cotação:

7 comentários:

Carol disse...

Thomás!!!! Seu entusiasmo me deixou com ainda mais vontade de assistir Rio!!!
Um abraço

Simone disse...

Tu deu quatro estrelas apenas pelo fato de todos falarem inglês em um filme feito por um estúdio amerciano???

Ah, por favor...

Thomás R. Boeira disse...

Simone!

É claro que o filme tinha que ser em inglês o tempo todo. O que me incomodou foi o fato dos personagens falarem inglês fluente. Quando um personagem americano é introduzido em uma obra brasileira, independente de ser televisão ou cinema, esse personagem fala português fluente? É claro que não. Esse personagem comete erros e tem sotaque forte.

Rio é um filme dirigido e idealizado por Carlos Saldanha, um brasileiro do Rio de Janeiro. Então pergunto: Por que os personagens brasileiros, residentes da favela, incluindo vilões obviamente apatetados, falam inglês fluente, sem sotaque e sem erros? (Não é preconceito com as pessoas que moram nas favelas, mas nós sabemos como é a realidade em que vivemos)

Saldanha, mais do que ninguém, deve saber como é a nossa realidade. E como aprendi no curso de Teoria, Linguagem e Crítica, um dos objetivos do cinema é nos convencer de sua realidade, ou seja, o filme pecou neste detalhe. Os personagens poderiam ter pelo menos um sotaque, como escrevi na crítica.

Não estou dizendo que o filme é ruim e sem propósito, nem que não mostra nada de verdadeiro, pois as paisagens maravilhosas e o problema do contrabando de animais são reais.

Por isso dei 4 estrelas ao invés de 5. Espero ter respondido a tua pergunta!

Simone disse...

Eu concordaria plenamente se o filme não fosse uma animação e, a princípio, destinado ao público infantil.

A técnica é muito interessante e cuidadosa, mas só valioso aos olhos adultos.

Mas enfim... Deixa para lá, já não é a primeira avaliação com a qual não concordo ehauheuahe

Beijos!

Paula disse...

Na verdade, apesar de ser voltado para o público infantil, os estúdios sabem que as crianças vão acompanhadas pelos pais ao cinema, portanto, existe uma preocupação com relação a opinião dos adultos e adolescentes que assistem ao filmes.
Eu também estranhei a perfeição do Inglês de alguns personagens, e só porque é desenho, isso não deve ser ignorado. Agora só porque é animação nós devemos ser condescendentes com o que estiver errado ou até mesmo mal feito? Os filmes de animação recebem investimentos milionários e anos de dedicação para serem finalizados, mais motivos para a crítica em geral não pegar leve. Não existem filmes mais bem planejados e arquitetados que as animações.
Devemos prestar atenção sim e criticar para que cada vez mais nossos filhos tenham a oportunidade de assistir filmes de qualidade, afinal, independente das crianças se encantarem com o visual e nem se importarem muito com o resto, isso não quer dizer que mereçam assistir qualquer coisa só porque não tem opinião formada, e os adultos que pagam o ingresso (inteiro 3D) para assistir também merecem um filme bem feito.
Graças a Deus, Rio é um filme de qualidade, pena realmente não ter dado muita atenção a fluência do Inglês, concordo que isso afastou o filme da realidade de nosso país.
Achei sua crítica boa, mas poderia ter analisado alguns aspectos importantes, talvez não tenha feito isso porque não quis dar spoilers, mas poderia ter falado sobre o fato das bolsas e carteiras dos turistas não estarem a salvo, isso foi abordado brilhantemente no filme; Fernando, que tem uma vida miserável e sobrevive no Rio, ele é o retrato de uma criança sem esperança dividida entre fazer o certo e passar fome ou fazer o que é errado e ganhar uns trocados; a paixão pelo futebol, uma das melhores partes; o retrato da favela, escura e triste, mas dentro das casas não existe apenas miséria e violência, também tem família; o vilão dos pássaros, muito esperto; o Carnaval retratado não apenas como put%$#aria, mas como uma festividade, onde uma fantasia pequena não quer dizer que a pessoa seja uma qualquer; o colorido do desfile, parecia um desfile de verdade; etc.
Enfim, tem muita coisa nesse filme! por isso todo mundo tem que assistir.
Ah, sambas cantados em Inglês, que máximo! ainda bem que tinham uns em português, pra divulgar ainda mais nossa cultura, afinal quanto mais originalidade melhor! a trilha sonora está maravilhosa!

Clube Scott PIlgrim disse...

Achei um filme um espetáculo visual,porém acho o filme vazio no aspectos da direção e roteiro.

Jack Ford Coppola disse...

Concordo com o cara acima.