Tendo se firmado como roteirista
e, mais frequentemente, produtor ao longo das últimas duas décadas, Dean Devlin
toma um novo rumo neste Tempestade:
Planeta em Fúria, no qual ele se arrisca pela primeira vez na cadeira de
diretor. E não chega a ser exatamente uma surpresa que ele tenha recorrido a um
filme-desastre para isso, considerando sua parceria com Roland Emmerich, um dos
nomes mais conhecidos no que diz respeito a esse tipo de filme (juntos eles
produziram e escreveram Independence Day
e o Godzilla de 1998, ambos dirigidos
por Emmerich). No entanto, apesar de buscar entreter o público com toda a ação
que se desenrola na tela, o máximo que Devlin consegue fazer nessa sua estreia
é... Bem, um desastre.
Escrito por Devlin e Paul Guyot, Tempestade apresenta um futuro próximo
no qual o mundo todo se uniu para se salvar de catástrofes climáticas que ameaçaram
a humanidade, algo que os governos resolveram com a criação do Dutch Boy, uma
rede de satélites cuja tecnologia mantém tais catástrofes sob controle. Anos
depois, quando a máquina começa a apresentar problemas, seu criador, Jake
Lawson (Gerard Butler), é convocado para ir até a estação espacial que a
controla a fim de ver o que está acontecendo e impedir um desastre global.
Filmes-desastre têm uma fórmula
clássica, buscando apresentar personagens com os quais o espectador possa se
identificar para que, assim, tenhamos algum elo emocional em meio as
destruições que ganham a tela. Com isso, quando os principais personagens
chegam vivos ao final da projeção, o próprio espectador pode sentir que
sobreviveu junto com eles. O filme até tem noção de tudo isso, mas segue esses
pontos de um jeito extremamente rasteiro ao longo da história, com um roteiro
que desenvolve os personagens e seus dramas pessoais de maneira superficial e
boba, chegando ao ponto de trazer Jake e seu irmão, Max (Jim Sturgess), discutindo
seus problemas (ou melhor, birras) durante uma transmissão via satélite ao
invés de se concentrarem em salvar o mundo. Além disso, a própria trama não
poderia ser mais clichê, ficando pior por tomar direções que beiram o ridículo
em determinados momentos, seja pela previsibilidade de certas reviravoltas ou pelo
terceiro ato conveniente.
Na verdade, o que vemos é um fiapo
de trama que acaba servindo apenas para que o filme tenha uma base na qual Dean
Devlin possa tentar criar um espetáculo de efeitos visuais. Mas é difícil se importar
com qualquer coisa que surja na tela quando a narrativa em si não tem nenhum
peso dramático. Se Devlin concebesse aqui a maior destruição da história do
cinema, ela ainda não teria impacto por não haver nenhum elemento humano
palpável diante do que está acontecendo. Assim, nem o elenco se salva, já que,
mesmo tendo nomes interessantes como Gerard Butler (que está com o dedo cada
vez mais podre pra escolher projetos), Ed Harris, Alexandra Maria Lara e Jim
Sturgess, pouco pode fazer com a gama de personagens unidimensionais que
carregam a narrativa. Para completar, as próprias sequências focadas nos
diversos desastres que ocorrem são conduzidas sem a menor criatividade pelo
diretor, podendo até ser bem realizadas no quesito efeitos visuais, mas ficando
muito longe de impressionar, de forma que o que temos no fim das contas é só uma
superprodução vazia e, consequentemente, aborrecida.
É possível ver boas intenções em Tempestade, considerando que ele situa
sua trama em um universo no qual as pessoas estão unidas, pouco ligando para
suas diferenças e tentando resolver os problemas ambientais causados por elas
mesmas. Mas de boas intenções o inferno está cheio, e é uma pena que Dean
Devlin insira esses detalhes em meio a uma narrativa tão pobre.
Nota:
Um comentário:
O longa se passa em um futuro próximo, no qual o clima do planeta é controlado por um satélite, apelidado como “Dutch Boy”. Sinceramente os filmes de ação não são o meu gênero preferido, mas devo reconhecer que Tempestade: Planeta em Fúria superou minhas expectativas. Adorei está história, por que além das cenas cheias de extrema e efeitos especiais, realmente teve um roteiro decente, elemento que nem todos os filmes deste gênero tem.
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