Feitiço do Tempo logo vem em mente sempre que surge um novo filme
que utiliza a estrutura de loop temporal
para contar sua história, focando em um protagonista preso em um determinado período
de tempo que se repete várias vezes e exatamente da mesma forma. É um recurso
capaz de render uma narrativa que mantém o espectador curioso quanto a seu
desenvolvimento, tendo originado outras obras admiráveis além da clássica
comédia de Harold Ramis, com No Limite
do Amanhã, Contra o Tempo e Corra Lola, Corra sendo exemplos disso.
No entanto, infelizmente não consigo dizer que este A Morte Te Dá Parabéns se junta a essas produções.
Escrito por Scott Lobdell, A Morte Te Dá Parabéns acompanha Tree
Gelbman (Jessica Rothe), jovem e arrogante estudante que inicia seu aniversário
acordando no dormitório do tímido Carter (Israel Broussard) após uma noite de
festa. Mas depois de seguir com seus compromissos ao longo do dia, ela é assassinada
por um maníaco mascarado, ficando surpresa por isso fazê-la voltar a acordar no
início do mesmo dia e nas mesmas condições de antes. Vendo-se presa nesse tempo,
Tree passa a tentar descobrir quem está querendo mata-la, tendo diversas
chances para resolver isso e contando com a ajuda de Carter.
A Morte Te Dá Parabéns não deixa de ser uma espécie de remake de Feitiço do Tempo, tendo em vista o arco dramático percorrido por
Tree, que é basicamente o mesmo que o de Bill Murray naquele longa. Mas não é
tanto isso que impede a produção de cativar o espectador, já que a ideia de usar
essa estrutura de loop temporal em um
filme de slasher (o subgênero de
terror conhecido por ter um assassino geralmente mascarado que coleciona
vítimas) não deixa de ser curiosa. A maneira como as coisas se desenvolvem por
aqui é que incomoda por sua obviedade, algo que vale mesmo quando o roteiro
tenta ser sutil, como na cena em que a protagonista desliga a TV em meio a uma
notícia importante (aliás, é triste que esse recurso batido e preguiçoso ainda
seja usado para apresentar informações). Com isso, o filme pode até querer
surpreender com algumas reviravoltas, mas acaba não causando impacto por não
conseguir impedir o espectador de antecipa-las.
Isso ocorre até por conta da
direção de Christopher Landon (responsável pelo razoável Como Sobreviver a um Ataque Zumbi e pelo pavoroso Atividade Paranormal: Marcados Pelo Mal),
aspecto que se revela meio pedestre durante boa parte do tempo. Apesar de criar
um ou outro momento divertido (um personagem repentinamente surge na tela após
uma breve queda de luz, por exemplo) e exibir coordenação na condução das
diversas vezes em que Tree acorda e sai andando pelo campus da universidade, Landon
ainda assim não evita de cair em clichês como o uso da trilha para ressaltar sustos,
além de não criar tensão quando precisa, seja nas várias sequências de
assassinato de Tree ou nos embates do terceiro ato. Para completar, o lado mais
humano da história (calcado no passado da protagonista com a mãe e os atuais problemas
dela com o pai) acaba apenas sendo fonte para o cineasta apostar num
sentimentalismo barato, como se isso compensasse o desenvolvimento superficial dessa
subtrama do filme.
É até louvável o esforço de A Morte Te Dá Parabéns para fazer algo
de diferente em uma produção cujo subgênero é tão engessado por fórmulas e convenções.
Mas ao mesmo tempo é lamentável que o máximo que os envolvidos no projeto conseguiram
fazer foi um filme bobo e facilmente esquecível.
Nota:
Um comentário:
Não fui assistir o filme, ainda bem =)
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