Milhares de atletas do mundo todo
reunidos para disputar as mais diversas modalidades e alcançar marcas que podem
mudar suas vidas. As Olimpíadas estão rolando no Rio de Janeiro e empolgando
com cada medalha, cada vibração de seus participantes. Quem me segue no Twitter
sabe o quanto estou curtindo ver as disputas, sendo que até esportes que nunca
acompanhei antes têm se provado interessantes.
Sendo assim, decidi fazer este
pequeno post com alguns filmes que trazem as Olimpíadas em suas histórias. É o
mínimo que eu poderia fazer aqui no blog para aproveitar um evento que ocorre
apenas de quatro em quatro anos. Vale dizer que não considerei aqui filmes com
as Olimpíadas de Inverno (afinal, eles podem ser pauta para outro post no
futuro).
Adolf Hitler queria que as Olimpíadas
de 1936, em Berlim, fossem um grande chamariz não só para seu regime nazista,
mas também para a superioridade ariana que ele tanto presava. Nesse sentido, Leni
Riefenstahl fez em Olympia um documentário
que em alguns momentos pode ser visto como propagandista, assim como seu
trabalho anterior, O Triunfo da Vontade.
Mas na maior parte tempo das duas partes do filme (intituladas Ídolos do Estádio e Vencedores Olímpicos), Riefenstahl
ignora o contexto político e quaisquer polêmicas nos bastidores dos jogos e se
concentra nos esforços dos atletas em várias modalidades, merecendo óbvio
destaque o feito do americano Jesse Owens, maratonista negro que conquistou
quatro medalhas de ouro na terra do Führer, mandando para o espaço a tal
superioridade ariana. Além disso, é impossível não notar o senso estético de
Riefenstahl, sejam nas belas imagens da sequência de abertura ou nos movimentos
e ângulos de câmera que ela conseguiu fazer para acompanhar as disputas.
Carruagens de Fogo (Chariots of Fire, 1981), de Hugh Hudson
Quando se fala em Olimpíadas no
cinema, é bem provável que Carruagens de
Fogo seja o primeiro filme a vir na mente das pessoas, ao passo que a
icônica trilha de Vangelis é a música que acompanha qualquer corrida feita em
câmera lenta. Mas ainda que o longa de Hugh Hudson seja mais lembrado pela trilha
que o embala, seria injusto ignorar o quão interessante ele é ao acompanhar a
história de Harold Abrahams (Ben Cross) e seu rival Eric Liddell (Ian
Charleson), dois corredores que veem suas histórias chegarem às Olimpíadas de
1924. O primeiro é obcecado em vencer, até para driblar obstáculos que podem
aparecer em seu caminho por conta de sua origem judia, enquanto o segundo é um
devotado cristão que corre por sua honra e a de seu Deus. O interesse aqui não
é criar um choque de ideais entre os dois protagonistas, mas sim mostrar a excelência
deles em meio a suas diferenças, além da determinação de ambos para alcançarem
seus objetivos. Admirável no retrato do espírito olímpico de seus personagens, a
produção levou o Oscar de Melhor Filme em 1982.
Munique, 1972: Um Dia em Setembro (One Day in September, 1999), de
Kevin Macdonald e Munique (Munich, 2005), de Steven Spielberg
Dois filmes colocados lado a
lado. Isso porque tanto Munique, 1972:
Um Dia em Setembro quanto Munique
envolvem a mesma história e acabam se complementando. Nas Olimpíadas de 1972,
quando a Alemanha voltou a receber os jogos, terroristas palestinos da
Organização Setembro Negro invadiu a Vila Olímpica e atacou a delegação de
atletas israelenses, culminando em uma grande tragédia. O
documentário de Kevin Macdonald (que faturou o Oscar da categoria em 2000)
mostra em detalhes cada passo do ataque, resgatando imagens de arquivo que,
somadas aos depoimentos conseguidos pelo diretor, ajudam a tornar a narrativa impactante.
Já o filme de Spielberg foca na operação feita posteriormente, na qual um
esquadrão teve como objetivo matar palestinos supostamente envolvidos no ataque,
uma história que aqui resulta em um dos trabalhos mais marcantes da carreira do
diretor.
A Fúria da Liberdade (Freedom’s Fury, 2006), de Colin K. Gray e Megan
Raney
Nas Olimpíadas de 1956, Hungria e
União Soviética se encontraram nas semifinais do pólo aquático, algo que
resultou em uma das partidas mais violentas da história do evento. Mas o que
este documentário A Fúria da Liberdade
mostra é que, para entender o que ocorreu no jogo, é preciso recapitular a
relação entre os dois países na época, com a Hungria tendo sido ocupada pela
União Soviética depois da Segunda Guerra Mundial, passando por uma série de opressões
que impediam a liberdade de seus cidadãos, o que culminou em uma grande
revolução. Com isso sendo muito bem estabelecido, o documentário deixa claro
que os ânimos entre os jogadores não estavam particularmente bons, e a imagem
do húngaro Ervin Zádor saindo da piscina com o rosto sangrando serviu para
sintetizar a pequena guerra que a partida representou.
Foxcatcher: Uma História que Chocou o Mundo (Foxcatcher, 2014), de
Bennett Miller
Os irmãos Mark e Dave Schultz
eram grandes campeões olímpicos de luta greco-romana no final da década de
1980. Foi quando aceitaram fazer parte da equipe Foxcatcher comandada por John
du Pont, sem poder imaginar no quão trágico isso viria a ser para suas vidas.
Bennett Miller levou a história para as telonas neste Foxcatcher, realizando um drama forte e melancólico sobre o amor
entre dois irmãos, a determinação deles em vencer e o desejo de um homem
psicologicamente frágil de provar seu valor. A história retratada aqui também é
foco do documentário Team Foxcatcher,
um filme eficiente mesmo que inferior a este de Miller, que ainda traz
excelentes atuações do trio Steve Carrell, Mark Ruffalo e Channing Tatum.
Crítica completa aqui.
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