“Essa gente nunca aprende”, diz um
personagem em determinado momento deste Jurassic
World, quarto filme da série Jurassic
Park, que volta às telonas depois de quase 15 anos. Considerando o caos mostrado
no belíssimo original e em suas pouco memoráveis continuações, a fala não deixa
de ser uma referência à própria franquia, sendo no mínimo estranho chegarmos a
mais um exemplar e vermos que alguém ainda achou que seria uma boa ideia fazer
um parque de dinossauros. Mas, claro, se não houvesse isso provavelmente não
teríamos uma franquia, e ainda que seja outra continuação que não se equipare
ao primeiro filme (o que nem deve ser esperado), Jurassic World ao menos traz aquela correria divertidamente tensa
que marcou a série em maior ou menor grau.

Tem-se início então uma história
que segue à risca a fórmula Jurassic
Park, trazendo a mesma coisa que víamos nos filmes anteriores, com a
diferença de que dessa vez o roteiro inclui toques de crítica a instituições como
o Sea World e a maneira como são tratados os animais em cativeiro, como se
estes fossem meras atrações e não merecessem maiores cuidados, revelando a
desumanidade existente nos bastidores. É um lado interessante da história, de
forma que é uma pena que o filme não se concentre mais nisso, concedendo espaço
para as subtramas previsíveis de seus personagens humanos unidimensionais, que são
obrigados a proferir diálogos dolorosamente expositivos como “Ela não os devorou.
Está matando por esporte”. Por sorte, o carisma do elenco (em especial Chris
Pratt e Bryce Dallas Howard) compensa um pouco esse detalhe e impede que a
narrativa fique aborrecida ao se afastar dos dinossauros.
Dinossauros estes que são maravilhosamente
bem concebidos pela equipe de efeitos visuais e, mesmo aparentemente domados, têm
um instinto predatório que os torna perigosos, o que em parte é responsável
pela tensão envolta da trama, como na cena em que um funcionário cai na jaula
dos velocirapitors. Com relação a este aspecto, aliás, Colin Trevorrow faz um trabalho
eficiente ao construir a atmosfera do filme sem esquecer de entreter, também
merecendo créditos por dar vida àquele universo de maneira muito convincente
com a ajuda do design de produção de Ed Verreaux. Além disso, é bacana ver o
respeito que o diretor tem pelo filme original, inserindo naturalmente algumas
referências a ele, como na cena que, ao som da trilha icônica de John Williams, traz o encantamento dos personagens ao entrarem
no parque.
Assim como os dois capítulos
anteriores, Jurassic World vira uma
bobagem ocasionalmente, como ao inserir rasamente uma camada política e
bélica envolvendo os dinossauros. Mas é uma produção que funciona suficientemente
bem na maior parte do tempo, representando uma experiência nostálgica por tratar
de um universo que se tornou querido para o público nas últimas duas décadas.
Nota:
Nenhum comentário:
Postar um comentário