Desde que decepcionaram com o
final de sua trilogia Matrix, os
irmãos Andy e Lana Wachowski passaram a ser incrivelmente subestimados. Desde
então, a dupla realizou os excelentes Speed Racer e A Viagem,
obras que fazem jus a inventividade que os tornou famosos no início da carreira,
mas que fracassaram diante do público e da maior parte da crítica quando
lançados. Dito isso, eles voltam neste O
Destino de Júpiter, cujos problemas o tornam um tanto irregular,
mas isso não chega a impedi-lo de ser um entretenimento eficiente durante suas
duas horas de duração.

O Destino de Júpiter conta com alguns elementos que os Wachowski já
haviam trabalhado em suas obras anteriores, desde a pessoa que mudará o curso
do universo (Matrix) até o conceito
de os humanos serem usados como colheita (de novo Matrix), passando pela ação frenética (Speed Racer) e pela ideia da reencarnação (A Viagem). A diferença é que dessa vez esses elementos entram em
uma história bem lugar-comum, sem dúvida a menos criativa que os irmãos
cineastas já desenvolveram, ainda que o universo que eles concebam seja impressionante
em seu visual e sua grandiosidade, num ótimo trabalho de design de produção. E se
os diálogos expositivos incomodam um pouco mesmo sendo inevitáveis considerando tudo o que a trama tem que apresentar, até podem ser perdoados diante de
alguns clichês batidos e que são difíceis de engolir, como quando vemos uma
personagem tossir (sinal imediato de doença) ou o típico beijo que ocorre em
meio ao caos.
Mas, mesmo com esses problemas, o filme ainda se mostra capaz de divertir, com os Wachowski
comandando as várias cenas de ação com sua firmeza habitual, criando sequências
empolgantes em sua energia, merecendo destaque aquela em que Júpiter e Caine
são perseguidos por caçadores de recompensa pelos céus de Chicago. Além disso, a
narrativa em si tem um tom leve e descontraído, aspecto que ajuda a torna-la
cativante, o que chega ao ápice na cena divertidíssima em que Júpiter passa por
uma grande burocracia para receber o título de sua herança, naquele que é o
melhor momento do filme.
Enquanto isso, a bela Mila Kunis tem
um bem-vindo carisma que faz de Júpiter uma figura interessante, característica
que a atriz compartilha com Channing Tatum, que interpretando Caine se sai
muito bem como herói de ação, e se o romance entre ele e Júpiter é suportável
em seu desenvolvimento meio bobo é porque eles contam com intérpretes
agradáveis. Já Sean Bean tem uma bela presença como Stinger Apingi, personagem
que ajuda a dupla principal ao longo da história, ao passo que Eddie Redmayne merece
créditos por seus esforços para dar a Balem um ar de superioridade e ameaça. Mas
infelizmente tais atributos nunca se concretizam narrativamente, o que até se
deve mais ao roteiro do que a própria composição do ator.
O Destino de Júpiter em determinados momentos dá a impressão de ser
uma produção feita às pressas. Mas é uma obra que encontra em suas qualidades
força o suficiente para compensar seus tropeços, representando um trabalho satisfatório
na carreira de seus talentosos diretores.
Nota:
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