Depois do sucesso alcançado por suas
séries animadas, sendo Family Guy a
mais popular, Seth MacFarlane surpreendeu grande parte das pessoas ao fazer de
sua estreia na direção de longas-metragens, Ted, uma das comédias mais hilárias dos últimos anos. Com a boa
aceitação do filme, MacFarlane parece ter ganhado confiança para se arriscar em
outra comédia que segue seu estilo de humor escrachado e politicamente
incorreto. É o que vemos neste Um Milhão
de Maneiras de Pegar na Pistola, onde o diretor também decide aparecer de
carne e osso em frente às câmeras ao invés de optar pelo motion capture ou por uma dublagem.

É difícil ver Um Milhão de Maneiras de Pegar na Pistola
e não se lembrar da comédia de western
mais famosa do cinema: o excepcional Banzé
no Oeste, de Mel Brooks, que é até referenciado em alguns momentos. Mas ao
contrário da obra de Brooks, é uma pena que Seth MacFarlane prefira investir em
uma história bem pobre, cujo desenvolvimento segue fórmulas e clichês tão
batidos que ao vermos Albert e Anna ficando amigos já sabemos o que acontecerá
ao longo da narrativa. E por os pontos importantes da trama serem tão óbvios, de
vez em quando o filme se torna desinteressante por demorar a chegar neles.
No entanto, MacFarlane parece
usar a história desse jeito apenas como uma base para inserir todas as piadas, uma
escolha que rende coisas boas e ruins. Por um lado, o roteiro tem sacadas
inspiradas, sendo eficiente em seu humor negro (como nas cenas de mortes
inacreditáveis, que são tratadas como algo divertidamente assustador, mas comum
naquele universo) e na forma como satiriza detalhes conhecidos do Velho Oeste
(a sequência da luta no bar, com todos se envolvendo na briga sem motivo, é um
exemplo). Por outro, o filme às vezes se esforça demais para fazer o espectador
rir (como quando Albert vai embriagado até a casa de Louise), além de trazer gags escatológicas, mas idiotas (a
ovelha urinando no protagonista vem em mente).
Enquanto isso, se MacFarlane não
chega a ser um intérprete dos melhores, ao menos tem carisma como Albert, desenvolvendo
ainda uma bela química com Charlize Theron, que traz uma bem-vinda doçura por
trás da grande força de Anna, caprichando também no lado cômico da personagem. Até
por isso é uma pena que ela vire uma donzela indefesa a partir de determinado
momento. Já Amanda Seyfried e Neil Patrick Harris pouco tem a fazer com Louise
e Foy, ao passo que Giovanni Ribisi e Sarah Silverman causam boas risadas como Edward
e Ruth, amigos do protagonista e que mantêm uma relação incomum (Ribisi,
inclusive, tem a chance de referenciar um detalhe hilário de seu papel em Ted). Fechando o elenco, Liam Neeson
claramente se diverte como Clinch, tendo uma presença admirável encarnando a
vilania do personagem.
Contando ainda com uma série de
participações especiais interessantes das quais duas em especial se revelam absolutamente
geniais, Um Milhão de Maneiras de Pegar
na Pistola faz o suficiente para render um bom entretenimento. Mas é uma
comédia que empalidece não só se comparada a outras obras do tipo, mas também a
outros trabalhos de Seth MacFarlane.
Obs.: Há uma cena depois dos
créditos finais.
Nota:
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