quarta-feira, 14 de agosto de 2013
Percy Jackson e o Mar de Monstros
Em uma época em que a saga de Harry Potter estava quase chegando ao fim, Percy Jackson e o Ladrão de Raios foi lançado com o intuito de tentar estabelecer uma nova franquia infanto-juvenil. Mesmo com a produção em grande escala e o elenco cheio de nomes conhecidos (como Sean Bean, Pierce Brosnan, Uma Thurman, entre outros), o resultado do filme não foi dos melhores, decepcionando boa parte das pessoas. Mas os livros de Rick Riordan (que não li) ganham mais uma chance nesta continuação, Percy Jackson e o Mar de Monstros, que apesar de não ser um grande filme, ainda consegue ser um passatempo divertido.
Escrito por Marc Guggenheim, Percy Jackson e o Mar de Monstros começa com um pequeno flashback que mostra que a grande proteção do Acampamento Meio-Sangue deve-se a uma árvore concebida por Zeus a partir do sacrifício de sua filha, Thalia. Voltando aos tempos atuais, Percy (Logan Lerman) e os outros residentes do acampamento são atacados depois que Luke (Jake Abel) envenena a árvore, deixando o lugar em risco. Ao lado de seus amigos Annabeth (Alexandra Daddario) e Grover (Brandon T. Jackson), Percy decide ir em busca do Velocino de Ouro, que representa a única chance de salvar a árvore e o acampamento. O problema é que Luke também quer o Velocino, mas para um propósito diferente: ressuscitar o titã Cronos, que foi destruído pelos deuses do Olimpo e agora planeja sua vingança. Em meio a isso, Percy ainda precisa lidar com a chegada de seu meio-irmão, o atrapalhado ciclope Tyson (Douglas Smith).
Percy Jackson e o Mar de Monstros comete alguns dos mesmos pecadilhos do filme anterior. Sempre que aparecem criaturas novas naquele universo, por exemplo, o roteiro inclui falas que dizem superficialmente o que elas são, seja um Touro de Colchis ou um Hipocampo (que, por sinal, são bem realizados pela equipe de efeitos visuais), além de outras desnecessariamente expositivas (“Ciclopes são à prova de fogo”, diz Tyson depois que uma baforada de fogo não lhe causa nenhum arranhão). Além disso, o roteiro segue a mesma estrutura usada anteriormente, com Percy ganhando certos acessórios que acabam sendo necessários nas situações em que ele e seus amigos se metem ao longo da missão, o que rende momentos que transformam o filme em um jogo de videogame muito óbvio.
No entanto, vale dizer que o diretor Thor Freudenthal (o mesmo por trás dos filmes bobinhos da série Diário de Um Banana) surpreende na condução das cenas de ação. Comandando-as com energia, Freudenthal é bem sucedido ao fazer com que essas sequências não se tornem um tanto aborrecidas ou burocráticas, algo que Chris Columbus não conseguiu impedir no primeiro filme. Cenas como o treinamento que aparece logo no início da história, o ataque do Touro de Colchis no acampamento e uma fuga em um iate cumprem a tarefa de prender a atenção.
Enquanto isso, o talentoso Logan Lerman volta a encarnar Percy Jackson com carisma, tendo ainda uma boa dinâmica com os também carismáticos Alexandra Daddario e Brandon T. Jackson. Já Jake Abel retorna ao papel de Luke da mesma maneira aborrecida do primeiro filme, ao passo que Douglas Smith aparece simpático como Tyson, impedindo que o personagem se torne irritante com suas trapalhadas. E se Stanley Tucci arranca alguns risos em suas poucas cenas como Dionísio (a piada que ele faz envolvendo água e vinho é um dos momentos mais inspirados do filme), o ótimo Nathan Fillion aproveita seu pouquíssimo tempo de tela para fazer do deus Hermes uma figura divertida e interessante (chega a ser uma pena que ele apareça tão pouco).
Mas por mais que Percy Jackson e o Mar de Monstros consiga divertir, há de se ressaltar que seu terceiro ato é particularmente irregular. Nessa parte, o filme não só perde um pouco de seu ritmo como também traz momentos que não causam impacto algum na história, como alguns acontecimentos trágicos envolvendo personagens importantes e que inclusive resultam em reviravoltas previsíveis. Uma cena específica envolvendo Annabeth, aliás, poderia ter sido cortada do filme sem maiores problemas, já que não acrescenta absolutamente nada à narrativa. E a batalha final não nos faz temer pelo destino dos personagens, sendo que ainda é resolvida muito facilmente, o que é decepcionante.
Mesmo com suas escorregadas, Percy Jackson e o Mar de Monstros resulta em um filme um pouco mais satisfatório do que seu antecessor. Mas a franquia ainda precisa comer muito feijão com arroz se quiser se estabelecer como algo realmente relevante.
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