quarta-feira, 22 de agosto de 2012
O Vingador do Futuro
Até pouco tempo atrás, O Vingador do Futuro não era um filme do qual eu tinha boas recordações. Sendo um dos clássicos de Paul Verhoeven, resolvi dar uma segunda chance ao filme antes de assistir a este remake dirigido por Len Wiseman (diretor dos dois primeiros Anjos da Noite e do ótimo Duro de Matar 4.0). A segunda visita mostrou que eu estava enganado, e vi que Verhoeven fez uma obra interessante, com uma história envolvente e que ainda tinha em Arnold Schwarzenegger um protagonista bastante carismático. Este remake é diferente do primeiro filme, ainda que conte basicamente a mesma história. Ao longo de suas duas horas de duração mostra ser um filme de ação até eficiente, mas ainda inferior ao que Verhoeven havia feito antes.
Baseado no conto de Philip K. Dick, o roteiro escrito por Mark Bomback e Kurt Wimmer se passa em um planeta Terra considerado inabitável, com exceção de dois lugares: a Federação Unida da Bretanha (ou FUB) e a Colônia. No meio disso, o operário Douglas Quaid (Colin Farrell) tenta viver da melhor maneira possível ao lado da esposa, Lori (Kate Beckinsale). Tento sonhos estranhos com uma misteriosa mulher (Jessica Biel), ele vai à empresa Rekall com o desejo de ter memórias interessantes como um espião, ainda que essas memórias sejam falsas. Mas algo dá errado e ele se vê no meio de uma trama conspiratória envolvendo o mandante da FUB, Cohaagen (Bryan Cranston) e os rebeldes da Colônia, além de descobrir que sua memória foi apagada e ele não é a pessoa que pensa ser.
Este novo O Vingador do Futuro faz algumas mudanças com relação ao filme de 1990, sendo que duas são sentidas logo de cara: o nível de violência não chega nem perto daquilo que Paul Verhoeven havia feito, e os personagens não vão a Marte. Mas apesar de serem grandes mudanças, não chegam a atrapalhar na proposta deste remake. De qualquer forma, Len Wiseman tenta de vez em quando fazer algumas homenagens ao primeiro filme, como ao incluir uma cena em que Douglas Quaid usa um elevador para derrotar seu adversário (no caso, um robô), algo parecido com o que havia acontecido com Richter, personagem de Michael Ironside na primeira versão. Mas, em alguns momentos, a preocupação em manter algumas coisas do primeiro filme é tão grande que o roteiro não hesita em trazer de volta a famosa “mulher de três peitos”. No entanto, ela surge deslocada e completamente fora de contexto, já que o filme não trás de volta os mutantes, que antes faziam a presença da personagem ser bastante comum.
O design de produção de Patrick Tatopoulos é bastante eficiente no sentido de conseguir diferenciar muito bem a FUB da Colônia. A primeira aparece como uma grande metrópole, com prédios grandes e limpos, usando as melhores tecnologias possíveis. Já a segunda parece uma junção de várias favelas, tudo muito apertado, onde as pessoas ainda usam barcos para se transportar. Já a direção de arte consegue mostrar que Douglas Quaid se transformou em uma pessoa oposta aquela que costumava ser. Se antes ele morava em um belo e aconchegante apartamento na FUB (o que deixa claro a classe social a qual ele pertencia), em sua nova vida ele é infeliz em um lugar sem muita expressão.
Ao longo do filme, Len Wiseman consegue fazer com que as cenas de ação prendam a atenção do espectador. São momentos envolventes, ainda que pouco empolgantes. Wiseman conduz bem essas cenas, que vão desde perseguições até lutas. O primeiro confronto entre Quaid e Lori, em particular, é interessante, assim como uma briga que acontece dentro de um elevador. Tais cenas ainda têm o uso dos bons efeitos visuais, que ainda ajudam a dar o clima futurístico do filme. Infelizmente, se Wiseman dirige bem essas cenas, o mesmo não pode ser dito sobre a história em si, que parece ser conduzida sem muita segurança, contando com um ritmo bastante irregular.
O talentoso Colin Farrell (que parece estar gostando de colocar seu rosto em remakes, tendo feito A Hora do Espanto no ano passado) consegue segurar bem o filme. Se torcemos por Douglas Quaid ao longo da história, isso se deve a atuação do ator. Surgindo carismático e atento a tudo em cena, Farrell não deixa nada a desejar se comparado a Arnold Schwarzanegger. Enquanto isso, Kate Beckinsale não transforma Lori em uma real ameaça, ao passo que Jessica Biel não consegue fazer de Melina uma figura interessante. Já Bryan Cranston (um grande ator, como já comentei outras vezes) pouco pode fazer com Cohaagen, um vilão que de tão inteligente coloca Quaid para trabalhar em uma fábrica que produz exatamente os robôs que irão persegui-lo mais tarde, fazendo o protagonista saber quais são os pontos fracos deles.
Não deixando nem mesmo dúvidas se tudo o que acontece não passa de uma falsa lembrança de Quaid na Rekall, este novo O Vingador do Futuro não tem nada que seja realmente marcante. É mais um remake que não consegue bater o original.
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