quinta-feira, 26 de julho de 2012
Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge
Quando Batman Begins foi lançado em 2005, ninguém imaginava que ali estava surgindo algo maior do que uma simples adaptação dos quadrinhos. Talvez nem o piloto de toda a viagem, o diretor Christopher Nolan, imaginava isso. Em uma época na qual o cinema se acostumou com produções de super-heróis que eram puro entretenimento, eis um filme que inicia algo que promete ecoar por muitos anos. Batman Begins surpreendeu e iniciou excepcionalmente a saga de um símbolo e de todo o bem que representa para uma sociedade. A história foi continuada brilhantemente em Batman: O Cavaleiro das Trevas, que com seu clima pesado, caótico e desgastante foi uma adaptação de quadrinhos que se colocou em outro patamar, não devendo nada a grandes clássicos do cinema. Agora, sete anos após o início de tudo isso, chega Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge, um filme no qual Christopher Nolan finaliza sua contribuição para o personagem não só satisfatoriamente, mas também da forma épica como deveria ser.
Escrito pelo próprio Christopher Nolan em parceria com seu irmão Jonathan, e com argumento dele e David S. Goyer, Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge se passa oito anos após os eventos do filme anterior. Ao fazer o Batman assumir a culpa pelos crimes cometidos por Harvey Dent, Bruce Wayne (Christian Bale) conseguiu trazer segurança a Gotham City, levando o promotor a condição de ídolo e herói da cidade e aposentando seu uniforme. Mas quando o mercenário Bane (Tom Hardy) dá as caras com o objetivo de acabar com a cidade aos poucos, o que nem Jim Gordon (Gary Oldman) e sua força policial podem impedir, Bruce se vê obrigado a voltar a usar sua máscara, mesmo que contra a vontade de Alfred (Michael Caine). O que se segue é uma grande batalha pela salvação de Gotham.
Começando o filme mostrando a tela se quebrando, Nolan indica que o mundo no qual estamos prestes a entrar pode até estar mais seguro do que antes, mas essa parede protetora a qualquer momento será destruída. Não é à toa que o diretor apresenta logo de cara o vilão da história, já que é ele que irá fazer um grande estardalhaço. E já que cheguei em Bane, vale dizer que ele consegue ser o vilão que o final da trilogia precisava. Tendo em Tom Hardy um intérprete com grande presença em cena (que nos faz esquecer durante todo o filme que o personagem esteve presente no desastroso Batman & Robin), Bane se torna ameaçador não só por suas habilidades e seu enorme porte físico, que faz qualquer pessoa ao seu redor tremer, mas também por seus olhares e por sua voz, que consegue ser amedrontadora graças ao modo como ela sai de sua máscara. Além disso, o plano de Bane consegue deixar Gotham City num estado inimaginável, o que certamente faria o Coringa ter orgulho de seu sucessor.
Como foi mostrado em O Cavaleiro das Trevas, Batman se tornou em um inimigo para as pessoas de Gotham, mesmo que algumas delas ainda acreditem nele, como o policial John Blake (Joseph Gordon-Levitt). E em O Cavaleiro das Trevas Ressurge, Bruce Wayne se torna uma figura ainda mais admirável, já que mesmo sendo considerado um inimigo público, ele não hesita em voltar a colocar o uniforme quando aqueles que o desprezam (os policiais chegam a parar uma perseguição em determinado momento só para tentar prendê-lo) mostram precisar dele mais do que nunca. Quando Batman finalmente volta à ativa é uma cena até emocionante devido a tudo o que o personagem passou e ainda está passando.
Uma das principais características do universo de Batman criado por Christopher Nolan e sua equipe é o fato de ele ser moldado de forma muito crível, o que fez até a própria figura do herói algo que poderia existir no mundo real. Nesse terceiro filme, essa preocupação do diretor em manter isso é muito clara, de maneira que a máscara de Bane tem uma função específica, e até o uniforme que a ladra Selina Kyle (Anne Hathaway) usa em seus trabalhos tem suas utilidades. Isso demonstra grande inteligência do roteiro na hora de adaptar os personagens para este universo (aqui, uma Mulher-Gato falando “miau” e se lambendo não combinaria muito bem).
Nolan não tem piedade dos espectadores, tornando O Cavaleiro das Trevas Ressurge uma experiência pesada ao longo de suas quase três horas de duração (que por sinal em nenhum momento ficam entediantes, passando bem rápido). É um número grande de informações, reviravoltas e cenas intensas que o diretor apresenta. Mas essa é uma das características mais admiráveis em Nolan, que como mostrou em todos os seus filmes, demonstra confiar em seu público, sempre levando a trama para frente e nunca parando para mastigar a história caso alguém tenha perdido algum detalhe. E quando o filme parece estar se encaminhando para algo previsível, as reviravoltas do roteiro tratam de impor a ideia de que tudo pode acontecer.
O fato de o centro de operações de Bane e seus capangas ser localizado nos esgotos de Gotham é um dos detalhes mais interessantes de O Cavaleiro das Trevas Ressurge. Dessa forma, Nolan consegue mostrar que a cidade literalmente começa a ser dominada pelo submundo, composto por pessoas criminosas por natureza. Com o mal vindo à superfície, é como se a cidade estivesse sendo destruída pelo inferno. Isso ainda é muito bem representado na tela, já que Nolan e seu diretor de fotografia Wally Pfister conseguem conferir à história uma atmosfera de puro pânico, desesperadora e sufocante, algo que ganha uma tensão constante graças à excelente trilha sonora do sempre competente Hans Zimmer.
O cineasta ainda consegue fazer boas cenas de ação, assim como já havia feito nos outros filmes da trilogia e em A Origem. Explorando ao máximo as habilidades de seus personagens, Nolan mantém um ritmo interessante quando eles partem para lutar. As duas lutas entre Batman e Bane, por exemplo, representam dois ótimos momentos do filme, nos fazendo temer o tempo todo pelo destino do herói, por que o vilão é monstruoso em termos de força. A própria guerra no terceiro ato é muito bem feita pelo diretor e ajuda a dar contornos épicos ao filme.
Christian Bale volta muito bem ao papel de Bruce Wayne. Com o personagem sem entrar em ação por oito anos, é bom ver que o ator consegue mostrar o quão “enferrujado” Bruce está no início. A própria decadência do personagem, que se exilou do mundo após os acontecimentos do filme anterior, fica clara na atuação de Bale, que prova mais uma vez ser o melhor intérprete de Bruce Wayne/Batman nos cinemas até agora. Além disso, a química entre ele e Michael Caine resulta em alguns dos momentos mais emocionantes de toda a trilogia. Aqui, Alfred deixa clara sua preocupação com o destino daquele que considera como o filho que nunca teve. Sendo o maravilhoso ator que sempre foi, Caine tem uma atuação comovente em boa parte de suas cenas.
Enquanto isso, os outros dois veteranos da trilogia voltam confortavelmente em seus papeis. Morgan Freeman surge sempre carismático como Lucis Fox, que aqui ganha mais importância devido à posição que está na Wayne Enterprises, e Gary Oldman faz do Comissário Gordon uma pessoa revoltada por ser um dos únicos que sabe a verdade sobre Harvey Dent, mas não poder fazer nada para limpar o nome de um amigo, que considera como o verdadeiro herói de Gotham.
Já os novos integrantes, além de Tom Hardy, Anne Hathaway cria uma Selina Kyle tão interessante quanto a de Michelle Pfeiffer em Batman: O Retorno. Esbanjando sensualidade no papel, a atriz tem em Selina uma personagem que quer passar por cima dos poderosos de Gotham, mas não a ponto de querer sua total destruição. E se com grande determinação Joseph Gordon-Levitt faz de Blake uma figura que fica cada vez mais interessante ao longo da história, Marion Cotillard acerta ao fazer de Miranda Tate uma mulher digna de confiança (algo que acaba sendo importante mais tarde).
Ao escrever sobre Batman: O Cavaleiro das Trevas, eu afirmei o seguinte: “Se Christopher Nolan caprichar no terceiro e último capítulo de Batman, então ele terá acabado de fazer a trilogia O Poderoso Chefão do gênero histórias em quadrinhos”. Nolan não só caprichou nessa terceira parte como conseguiu fazer com que seja tão marcante quanto os outros dois filmes.
Se a história realmente acaba aqui, então espero que não tenha tão cedo outro filme do Batman. O personagem precisará descansar um pouco depois do impacto que causou com essa trilogia.
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3 comentários:
Ansiosa pra ler o texto, mas deixo pra depois que eu ver o filme :D
nossa esse filme deve ser muito bom ainda não assisti mas estou querendo
já estou participando do seu blog participa do meu também http://diogo-seriesefilmes.blogspot.com.br/
Thomás, concordo com vc em relação a batman ser o poderoso Chefão dos Quadrinhos. Uma trilogia para colecionar. Citei vc lá no meu post sobre este filme.
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algunsfilmes.blogspot.com.br
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