sexta-feira, 4 de maio de 2012
Um Homem de Sorte
Não sou muito familiarizado com Nicholas Sparks, autor que está tendo vários de seus livros adaptados para o cinema, dos quais não li nenhum. De todos os filmes baseados em suas obras, os únicos que assisti foram Diário de Uma Paixão, Um Amor Para Recordar, Querido John e este Um Homem de Sorte. Com relação aos dois últimos, as histórias não têm muita originalidade ou ambição e investem em um romance um tanto arrastado entre personagens pouco interessantes. Querido John e Um Homem de Sorte são um pouco parecidos, o que me fez pensar em dado momento que estava assistindo a uma espécie de “Querido John 2” ao entrar na sala para assistir a esta nova produção estrelada por Zac Efron. Essa ilusão acabou algum tempo depois do começo da projeção, mas a conclusão que cheguei ao final dos dois filmes foi exatamente a mesma.
Em Um Homem de Sorte Zac Efron interpreta Logan Thibault, fuzileiro naval que encontra uma foto em meio à guerra, o que o salva de uma grande explosão. Ao voltar para os Estados Unidos, o rapaz decide achar a garota que está na foto, Beth (Taylor Schilling), para agradecer. Ao encontra-la, descobre que o irmão dela morreu na guerra e decide não explicar imediatamente o porquê de estar ali. Ao aceitar por acaso o emprego no canil cuidado por Beth e sua família, Logan começa a passar mais tempo ao lado dela e os dois acabam se apaixonando.
É uma história boba, que parece ter saído direto de uma novela. Muito do que se vê no filme soa muito mais como enrolação para deixar tudo um pouco mais longo, desde situações (como quando Beth quase vê a foto) até diálogos (várias vezes a garota pergunta a Logan porque ele veio até ali, e a resposta é sempre “Para encontra-la”, o que ela simplesmente ignora). Tudo piora graças a previsibilidade do roteiro. No momento que Logan esconde a foto, fica óbvio que aquilo será o motivo de um conflito entre ele e Beth, que resultará na separação momentânea do casal. E quando essa discussão finalmente acontece, soa muito artificial, parecendo que ela é incluída na história única e exclusivamente porque o filme precisa de uma briga entre o casal principal.
As semelhanças de Um Homem de Sorte com Querido John aparecem logo de cara em alguns elementos do filme. Ambas as produções contam com um soldado transtornado como protagonista, que volta ao seu país e inesperadamente se apaixona. Depois que isso é definido, vem as modificações para que as histórias não fiquem iguais. Mas em nenhum momento o roteiro escrito por Will Fetters faz algo realmente novo ou surpreendente.
O diretor Scott Hicks (que já teve dias melhores, como quando foi indicado ao Oscar por Shine: Brilhante) conta com um material muito fraco em mãos para conseguir fazer algo bom. As sequências mais descontraídas (boa parte delas envolvendo o filho e a mãe de Beth, interpretados por Riley Thomas Stewart e Blythe Danner, respectivamente) até conseguem chamar a atenção, mas para cada cena assim há outras duas desinteressantes, como algumas envolvendo Keith (Jay R. Ferguson), o ex-marido de Beth que ocupa um espaço maior do que o necessário. O fato de Hicks ainda investir em uma trilha sonora composta em sua maioria por canções pop enjoativas também não ajuda muito para o envolvimento com a história.
Zac Efron não é um ator dos mais talentosos, e em Um Homem de Sorte ele surge em cena quase sempre inexpressivo, como se um soldado perturbado não pudesse demonstrar muitas emoções. Considerando que Channing Tatum esteve da mesma forma em Querido John, fico pensando se os soldados de Nicholas Sparks obrigatoriamente precisam ser interpretados dessa maneira. Além disso, o roteiro muda o humor de Logan rápido demais. Em uma cena ele se sente deslocado por estar trabalhando com Beth. Na cena seguinte, ele já mostra estar bastante confortável com tudo o que está acontecendo, o que soa muito repentino e estranho. A bela Taylor Schilling se sai um pouco melhor, apesar de contar com uma personagem um tanto aborrecida em algumas cenas. Mas os dois atores até ganham alguns pontos positivos por pelo menos conseguirem criar uma química convincente para o casal principal.
Romances como Um Homem de Sorte não diferem muito das comédias românticas rasteiras e sem muita graça que chegam aos cinemas. Pelo menos em termos de qualidade são exatamente a mesma coisa. Como eu já disse, nunca li os livros de Nicholas Sparks, mas talvez seja melhor que suas histórias fiquem apenas nas estantes. No cinema, elas não estão dando muito certo.
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