quinta-feira, 13 de agosto de 2015

Missão: Impossível - Nação Secreta

Quando uma franquia começa a se estender além de uma trilogia, o ato de virar os olhos em sinal de tédio não é incomum. Na verdade, às vezes isso ocorre logo na primeira continuação do longa original. No entanto, esse não é o caso de Missão: Impossível, que tem conseguido manter uma bela e surpreendente consistência entre seus exemplares, mesmo que eles tenham contado com diretores diferentes. Aqui, até o filme mais irregular, Missão: Impossível 2, representa um entretenimento agradável. Tendo passado quase 20 anos desde que levou pela primeira vez aos cinemas o famoso programa de TV da década de 1960, a série chega agora em seu quinto filme, Missão: Impossível - Nação Secreta, que revela ser mais um exemplar admirável em seu histórico.

Escrito pelo diretor Christopher McQuarrie (que recentemente fez o eficiente Jack Reacher) a partir do argumento concebido por ele e Drew Pearce, Missão: Impossível 5 mostra a IMF sendo desativada (de novo), com suas missões passando a ser supervisionadas pela CIA e seu diretor, Alan Hunley (Alec Baldwin). Em meio a isso, um foragido Ethan Hunt (Tom Cruise) tenta provar a existência do Sindicato, organização considerada uma “anti-IMF”, como um personagem resume. Mantendo a missão por baixo dos panos (de novo), Hunt tem a ajuda de sua fiel equipe, formada por Benji Dunn (Simon Pegg), Luther Stickel (Ving Rhames) e William Brandt (Jeremy Renner), além da misteriosa agente britânica Ilsa Faust (Rebecca Ferguson) para derrubar o Sindicato e seu líder, Solomon Lane (Sean Harris).

O tipo de história que o filme conta não é exatamente uma novidade dentro da série, e até em termos de sequências de ação ele resgata coisas que já vimos (como a invasão em um lugar cujos níveis de segurança são absurdos). Mas por mais que pontualmente fiquemos com o sentimento de já termos visto isso antes, a forma como Christopher McQuarrie liga cada ponto da trama ainda é intrigante, com os membros do Sindicato colocando Ethan e sua equipe diante de desafios que nos fazem ficar curiosos com relação a como eles irão atingir seus objetivos.

Tais desafios, obviamente, vêm no formato de sequências de ação, aspecto que sempre foi um dos pontos altos da série. E McQuarrie não decepciona, exibindo uma segurança notável na condução desses momentos. Deixando sempre clara a distribuição dos personagens e o que acontece na tela, o cineasta constrói sequências muito boas, desde a tensão na ópera em Viena até o grande terceiro ato em Londres, passando pela angustiante invasão a um prédio em Casablanca, no Marrocos, onde ainda ocorre uma perseguição empolgante e divertida. Aliás, se tem algo que o filme nunca deixa de fazer é divertir, seja pelas reações dos personagens quanto às dificuldades que enfrentam, pelos atos que eles realizam ou por detalhes como uma revista-computador. Isso sem falar na sequência inicial com Tom Cruise pendurado do lado de fora de um avião, que é propositalmente hilária e ainda serve como uma excelente maneira de nos reintroduzir àquele universo.

Enquanto isso, Tom Cruise volta a encarnar Ethan Hunt com a mesma determinação e entrega que nos acostumamos a ver, mostrando cada vez mais ser um dos astros de ação mais confiáveis atualmente (como pode ser comprovado ainda por No Limite do Amanhã, Jack Reacher e até mesmo Oblivion). Além disso, vale destacar também a ótima dinâmica dele com Simon Pegg, Ving Rhames e Jeremy Renner, que chama atenção não só por pontuais choques de personalidade, mas também por o roteiro explorar a amizade entre os personagens e como isso é levado em conta quando eles precisam tomar decisões importantes. E se a brilhante Rebecca Ferguson surpreende ao fazer de Ilsa Faust a personagem feminina mais forte que a série apresentou até agora, sendo ela tão inteligente e ágil quanto o protagonista, Sean Harris é bem sucedido ao usar seu tom de voz calmo e expressão fria para tornar Solomon Lane um vilão misterioso e imprevisível.

Missão: Impossível 5, assim como os filmes anteriores da série, termina já deixando certa ansiedade quanto um eventual próximo exemplar. E enquanto Tom Cruise e sua equipe mostrarem o mesmo empenho na produção desses longas, será sempre um prazer embarcar nessas missões ao lado dos personagens.

Nota:


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