Quando uma franquia começa a se
estender além de uma trilogia, o ato de virar os olhos em sinal de tédio não é
incomum. Na verdade, às vezes isso ocorre logo na primeira continuação do longa
original. No entanto, esse não é o caso de Missão:
Impossível, que tem conseguido manter uma bela e surpreendente consistência
entre seus exemplares, mesmo que eles tenham contado com diretores diferentes. Aqui,
até o filme mais irregular, Missão: Impossível 2, representa um entretenimento agradável. Tendo passado quase
20 anos desde que levou pela primeira vez aos cinemas o famoso programa de TV
da década de 1960, a série chega agora em seu quinto filme, Missão: Impossível - Nação Secreta, que revela
ser mais um exemplar admirável em seu histórico.
Escrito pelo diretor Christopher
McQuarrie (que recentemente fez o eficiente Jack Reacher) a partir do argumento concebido por ele e Drew
Pearce, Missão: Impossível 5 mostra a
IMF sendo desativada (de novo), com suas missões passando a ser supervisionadas
pela CIA e seu diretor, Alan Hunley (Alec Baldwin). Em meio a isso, um foragido
Ethan Hunt (Tom Cruise) tenta provar a existência do Sindicato, organização considerada
uma “anti-IMF”, como um personagem resume. Mantendo a missão por baixo dos
panos (de novo), Hunt tem a ajuda de sua fiel equipe, formada por Benji Dunn
(Simon Pegg), Luther Stickel (Ving Rhames) e William Brandt (Jeremy Renner),
além da misteriosa agente britânica Ilsa Faust (Rebecca Ferguson) para derrubar
o Sindicato e seu líder, Solomon Lane (Sean Harris).
O tipo de história que o filme
conta não é exatamente uma novidade dentro da série, e até em termos de sequências
de ação ele resgata coisas que já vimos (como a invasão em um lugar cujos
níveis de segurança são absurdos). Mas por mais que pontualmente fiquemos com o
sentimento de já termos visto isso antes, a forma como Christopher McQuarrie
liga cada ponto da trama ainda é intrigante, com os membros do Sindicato colocando
Ethan e sua equipe diante de desafios que nos fazem ficar curiosos com relação
a como eles irão atingir seus objetivos.
Tais desafios, obviamente, vêm no
formato de sequências de ação, aspecto que sempre foi um dos pontos altos da série.
E McQuarrie não decepciona, exibindo uma segurança notável na condução desses
momentos. Deixando sempre clara a distribuição dos personagens e o que acontece
na tela, o cineasta constrói sequências muito boas, desde a tensão na ópera em
Viena até o grande terceiro ato em Londres, passando pela angustiante invasão a
um prédio em Casablanca, no Marrocos, onde ainda ocorre uma perseguição
empolgante e divertida. Aliás, se tem algo que o filme nunca deixa de fazer é
divertir, seja pelas reações dos personagens quanto às dificuldades que
enfrentam, pelos atos que eles realizam ou por detalhes como uma
revista-computador. Isso sem falar na sequência inicial com Tom Cruise
pendurado do lado de fora de um avião, que é propositalmente hilária e ainda
serve como uma excelente maneira de nos reintroduzir àquele universo.
Enquanto isso, Tom Cruise volta a
encarnar Ethan Hunt com a mesma determinação e entrega que nos acostumamos a
ver, mostrando cada vez mais ser um dos astros de ação mais confiáveis atualmente
(como pode ser comprovado ainda por No
Limite do Amanhã, Jack Reacher e
até mesmo Oblivion). Além disso, vale
destacar também a ótima dinâmica dele com Simon Pegg, Ving Rhames e Jeremy
Renner, que chama atenção não só por pontuais choques de personalidade, mas
também por o roteiro explorar a amizade entre os personagens e como isso é
levado em conta quando eles precisam tomar decisões importantes. E se a
brilhante Rebecca Ferguson surpreende ao fazer de Ilsa Faust a personagem
feminina mais forte que a série apresentou até agora, sendo ela tão inteligente
e ágil quanto o protagonista, Sean Harris é bem sucedido ao usar seu tom de voz
calmo e expressão fria para tornar Solomon Lane um vilão misterioso e imprevisível.
Missão: Impossível 5, assim como os filmes anteriores da série,
termina já deixando certa ansiedade quanto um eventual próximo exemplar. E
enquanto Tom Cruise e sua equipe mostrarem o mesmo empenho na produção desses
longas, será sempre um prazer embarcar nessas missões ao lado dos personagens.
Nota:
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