Ao longo de Toque de Mestre é impossível não lembrar de Por Um Fio, thriller estrelado por Colin Farrell.
Ambos os filmes contam com protagonistas que são obrigados a se manter
reclusos em uma área específica, enquanto cumprem ordens de um vilão que
tem uma arma apontada para eles, ameaçando-os de matá-los caso cometam
qualquer erro. No entanto, se o longa dirigido por Joel Schumacher
conseguia ser tenso e instigante do início ao fim, esta nova produção
que conta com Elijah Wood à frente do elenco infelizmente possui problemas que a impedem de ser eficiente dentro do que se propõe.
Escrito por Damien Chazelle,
Toque de Mestre traz Wood no papel do pianista Tom Selznick, que ficou vários
anos fora da ativa devido a um medo de palco que resultou em uma crise durante
uma apresentação. Mas agora, com o apoio da esposa Emma (Kerry Bishé), ele
finalmente está prestes a retornar em um concerto feito em homenagem a seu
falecido mentor Patrick Godureaux, e que será conduzido por seu amigo William
Reisinger (Don McManus). Tudo transcorre perfeitamente até que ao checar as
partituras, Tom vê um aviso de que ele morrerá caso toque uma nota errada. Começa
então um inferno do qual o rapaz se esforça para escapar vivo durante a
apresentação, sendo que a única pessoa com quem ele pode se comunicar é o
próprio vilão Clem (John Cusack), que cuida tudo o que ele faz no palco.
Tal inferno é conduzido um tanto
artificialmente pelo diretor Eugenio Mira, que investe muito em uma série de
travellings em volta de Tom e dos outros artistas no palco como forma de
ressaltar a tensão daquele momento. Mas esses movimentos de câmera mais chamam
a atenção para o diretor do que propriamente funcionam a favor da história. O
filme até tem boas sequências, como quando Tom precisa dar um jeito de escrever
rapidamente uma partitura, mas cenas assim aparecem muito pouco ao longo da
história, o que é lamentável considerando que um de seus principais objetivos é
manter o espectador inquieto na cadeira do cinema. Além disso, o cineasta
aposta muitas vezes na obviedade, como o plano-detalhe em uma foto que
estabelece a relação de Tom e Patrick Godureaux ou a mudança abrupta na iluminação
quando o protagonista ouve o nome da “La Cinquette”, composição famosa do
mentor e que ele estava tocando quando teve sua crise.
Elijah Wood se esforça para
segurar o filme, e até que é bem sucedido ao tornar Tom uma figura vulnerável,
além de ter um bem-vindo carisma. Mas vale dizer que em alguns momentos o
personagem mostra ser incrivelmente multifacetado, como na cena ele ao mesmo
tempo toca piano, fala com o vilão e manda uma mensagem de texto no celular,
ainda que este esteja (acreditem) embaixo das páginas das partituras, em um
momento surreal e involuntariamente hilário do filme. Já John Cusack tem a
árdua tarefa de fazer com que Clem seja ameaçador tendo na maior parte do tempo
apenas sua voz como recurso para isso. Mas o próprio personagem se revela pouco
interessante, tendo motivações bobas e batidas.
Com um terceiro ato
particularmente fraco, que faz uma frase que o protagonista ouve várias vezes
se tornar realidade de maneira estúpida, além de deixar um mistério nada
relevante no final, Toque de Mestre até poderia ter rendido um bom filme, mas
acaba sendo apenas uma versão genérica – e piorada – de diversas outras produções similares.
Nota:
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