Apesar de ser visto
constantemente como um personagem sombrio, algo que Tim Burton e Christopher
Nolan souberam explorar em maior ou menor grau, o Batman já mostrou ter
potencial para render produções divertidas, com a série de TV estrelada por
Adam West e Burt Ward na década de 1960 talvez sendo a obra mais conhecida nesse
sentido. Mas vale dizer que este Lego
Batman não fica nenhum pouco atrás na matéria de entreter o espectador. Aproveitando
o sucesso que o herói obteve no ótimo Uma
Aventura Lego, este spin-off traz um Homem-Morcego que leva o espectador ao
riso com suas aventuras e seu jeito narcisista, fazendo questão também de dar
um enfoque em seus dramas pessoais, numa mistura que resulta em uma obra ímpar
no histórico de adaptações que o personagem já ganhou nos cinemas.
Escrito por nada mais, nada menos
do que cinco roteiristas, Lego Batman
praticamente faz jus aos brinquedos originais, contando com uma trama cheia de
peças e juntando-as para formar uma narrativa coerente, o que talvez pudesse dar
errado, mas acaba funcionando bem. Aqui, Batman (voz original de Will Arnett) se
vê tendo que enfrentar novamente os planos do Coringa (Zach Galifianakis) para
dominar Gotham City, sendo que o vilão conta com o auxílio de uma série de
outras figuras maléficas, ao passo que o herói resiste à ideia de pedir ajuda e
criar laços familiares mais fortes, algo desafiado pela presença do jovem Dick
Grayson (Michael Cera) e da nova comissária de polícia, Barbara Gordon (Rosario
Dawson).
Enquanto se assiste a Lego Batman, a impressão que se tem é que
o diretor Chris McKay (um dos responsáveis pela série Robot Chicken) se esforça para criar uma narrativa que pareça fruto
de alguém que está brincando com sua grande coleção de legos, como se percebe
no fato de os personagens fazerem os efeitos sonoros de suas armas ou na
participação do maior número possível de bonecos da linha de brinquedos. Nisso,
aliás, é interessante notar como o filme realmente não se limita apenas ao
universo de heróis e vilões da DC Comics, conseguindo inserir uma série de
outras figuras conhecidas que divertem por serem inesperadas e até mesmo
inusitadas (prefiro não revelar de quais personagens estou falando a fim de não
estragar possíveis surpresas).
Mas não são apenas esses os elementos
usados pelo filme na hora de entreter o público, com os roteiristas conseguindo
bolar boas piadas a partir do jeito dos personagens, seja o já citado narcisismo
do protagonista, a constante felicidade de Robin ou a vilania do Coringa, além
de brincar inteligentemente com o próprio universo do longa desde o primeiro
segundo de projeção, quando vemos o Batman descrever os logos que precedem o filme.
E se as diversas referências (e até mesmo alfinetadas) colocadas na tela surgem
de maneira divertida e natural, merecendo destaque as que dizem respeito às adaptações
cinematográficas anteriores do Batman e de outros personagens da DC Comics (como
o pavoroso Esquadrão Suicida), Chris
McKay ainda merece créditos por impor uma energia contagiante na narrativa,
algo que se vê tanto nas cenas de ação quanto no design de produção, que aposta
em cores quentes na maior parte do tempo.
Porém, o mais surpreendente com
relação a Lego Batman é como ele é bem
sucedido em sua diversão ao mesmo tempo em que aborda temas como família, luto
e o vazio que podemos sentir, sabendo mostrar como isso tudo faz parte da vida
e como é importante manter pessoas por perto. São aspectos que nem chegam a ser
tratados com sutileza por parte do roteiro, mas ainda dão ao filme um peso
emocional e uma maturidade interessantes, nos fazendo simpatizar ainda mais com
os personagens e chegando ao ponto de nos tocar com seus arcos dramáticos, de
forma que poucas vezes uma frase tão horrível como “Eu te odeio!” ganhou
contornos afetivos tão cativantes.
Se o Batman de carne e osso do
cinema atualmente está no meio de um universo bagunçado (como se viu em Batman vs. Superman), o de lego mais
uma vez conquista o espectador, protagonizando um filme que se estabelece como
um exemplar admirável de uma franquia que está sabendo montar (sem trocadilhos)
um mundo rico em sua diversão.
Nota:
2 comentários:
Muito boa a crítica! ;)
Eu amei este filme porque toda a minha vida eu fui um super-fã de Batman é, sem dúvida, o meu super-herói favorito. Sinto que ele tem uma grande personalidade!! Adoro os filmes de fantasia! Atualmente o meu preferido é Lego Batman Uma historia cheia de cenas que me encheram de gargalhadas e que me divertiram de tarde, porém considero que é um filme feito só para jovens, por que tem um humor muito característico da juventude atual.
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